Enquanto lavava a louça na cozinha... olhei através da porta de vidro que dá para o quintal, e percebi um bicho remexendo o lixo posto lá fora algum tempo atrás. O copo novo da mãe quase caiu da mão lisa de sabão. Fiquei meio sem ter o que fazer, vendo o animal grande que era, meio escuro, esquisito... parecia debater as patas e chacoalhar a cabeça... num instante poderia ser um cachorro, mas os trejeitos não eram de cachorro, parecia curvado. Deu medo. Olhei em volta para verificar se não tinha mais nenhum. Era dia, na verdade era a tarde, 14h. Aumentou o medo, porque um bicho daquele tamanho só poderia ser muito perigoso para estar na rua esta hora da tarde, a plena luz do dia, sem se esconder... era muita fome e muito perigo para mim. Pensei em não ser vista, em me esconder e defender meu corpo cheio de comida mastigada. Terminei de lavar o copo ensaboado. Coloquei no porta copos de ponta cabeça. Enxuguei as mãos. E lentamente fui em direção à porta de vidro, querendo espantar o bicho, mas com muito medo, esperançosa que ele me ouvisse e pulasse de volta o muro de antes invadido. Encostei na porta, ele olhou pra mim através do vidro e parecia com raiva. Ficou parado, com tanto receio quanto eu, tinha medo e ficou atônito. Abri a porta com tanto medo quanto ele. Um engano! Ele pulou sobre a porta e queria me atacar, com as unhas imundas e enormes de tigres, tinha apenas 3 dentes na boca, e veio gritando feito macaco, fedia vomito de urubu quando quer se proteger, seus olhos esbugalhados eram de lobos protegendo seus filhotes. Eu não tinha para onde correr! Segurei a porta de vidro contra ele, e gritei incessantemente para os vizinhos: Socorro, socorro, tem um mendigo tentando invadir minha casa.
7 comentários:
seria um remake de "O Bicho" De Manuel Bandeira??
Tá maneiro... hehehehehe
Bjão
ihhhh nao li o Bicho do Manuel... mas vou procurar! Vlw a dica!
bjs
Gostei, muito boa a descaracterização do mendigo à animal a ser estranho.
Manuel BandeirA
Vi ontem um bicho
Na imundice do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa;
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Rio, 27 de dezembro de 1947
Colei.. Escrito há mais de 60 anos. Um certo receio em ver no q transformamos .bjs! cuide-se.
Belo Pastiche Carol, que você fez não é uma paródia, você tomou a voz e o lugar do narrador de Manuel bandeira, mas sobre uma nova perspectiva agora mais pós-moderna, onde mesmo sem voz externalizada do mendigo, sem uma marcação verbal do seu ponto, ele sim, no seu texto, ele agora fala.
Parabéns
Beijos!!!
ai q legal... Manuel Bandeira... q honra as comparações e elogios.
Fiquei tão feliz!!!
Oi, Carol!
Quanto tempo, hein?
É que estive ausente do dê trela.
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resolvi fazer outra e por lá passei maisd e um ano. mas já faz um tempinho que retornei ao dê trela.
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se cuida. beijos.
p.s: vou te seguir.
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