Estamos em
2014 e o que sinto é frustração em ter feito o curso de jornalismo. Não porque
os professores eram ruins, pouco didáticos ou não exigiam que soubéssemos a
história da comunicação, dos precursores, das vertentes, dos modos de escrita,
e das incansáveis aulas de português. Mas pela falta de profissionalismo
verdadeiro, feito com amor. Nem estou querendo expor a ideia de que faltam bons
profissionais.
Entenda, por
favor, hoje o mercado brasileiro exige pessoas de coragem, que abram os olhos
da massa inocente, que vota sem ser educado para obter informações que,
convenhamos né, muitas vezes manipuladas, mas vamos lá. Um jornalista hoje
estuda quatros anos da sua vida, para se sujeitar a escrever, fotografar, ou
filmar, matérias completamente inúteis.
Não quero ser
jornalista de porta de delegacia, que fica só contando desgraça e divulgando a
cara de gente podre, assassina, estupradora e ladra. Porque eu estudei, me
dediquei muitos anos, quase 24h por dia de leituras, de autores incríveis para
que pudesse abrir a minha mente, sentir o que o outro precisa e eu também, e
poder escrever, fotografar e publicar algo que realmente valha a pena para o
leitor, como se fossem meus amigos e familiares, daqueles que a gente tem
intimidade pra trocar ideias, discutir assuntos para ajudar a nossa empresa a
caminhar para um bom sentido, para o lucro positivo, dar empregos aos nossos
queridos que também precisam sustentar suas famílias, conversar sobre nossas
finanças, como investir nos estudos, e também ter dinheiro para gastar no nosso
bairro e engrandecer a segurança da nossa comunidade.
Eu quero
trabalhar neste sentido, de realmente noticiar ideias que possam ser
praticadas, e não apenas fatos de pessoas que buscam a qualquer custo a fama,
ou de pessoas que não tiveram o mínimo de educação, cresceram de qualquer
maneira, com histórias sofridas, que ao final acabaram por cometer diversos
delitos contra si e contra o próximo. Isso não valoriza nada para ninguém,
apenas aponta os erros absurdos das poucas pessoas que estão no topo da
pirâmide para decidir sobre a organização da maioria.
Quando vejo
televisão ou leio um jornal, me sinto deprimida, porque não há o que fazer
então? O Brasil é isso? Um monte de gente sem escrúpulos, roubando, matando,
escondendo fatos, pagando pra não ser preso, uma vergonha total, uma descrença
que há um plano melhor e maior para que todos possam viver pelo menos,
dignamente, com água, luz, asfalto, casa, comida, um transporte público que
funcione e seja viável para todos, com postos de saúde, com médicos que atendam
sem discriminação e intolerância. O que está acontecendo afinal?
Vou ser
jornalista de botequim? Ao terminal do trabalho na redação, vou cansada,
enjoada, de saco cheio de politicagem, para o bar com os amigos de comunicação
para reclamar do quanto o país é podre, de quanto continuamos pobres, e ao
chegar em casa perturbada, ter que ver as contas cheias de inflação, o custo da
comida altíssimo, e conviver com a maioria das pessoas tomando antidepressivos,
calmantes, ansiolíticos, viciados em açúcar, cigarro, ou álcool, como se fosse
natural.
E o pior, é
que tudo isso só está piorando, todo mundo está enxergando o colapso que
estamos entrando, o Brasil precisa de mudanças e o jornalismo brasileiro
precisa de vergonha na cara. Fomos formados para ser o quarto poder, ou seja,
não para manipularmos informações, mas para cobrar posições da cúpula do poder,
dos grandes empresários e da nata política, para que façam o melhor para o
nosso país.
Há muito mais
o que escrever sobre esta minha insatisfação, mas para quem? Quem aqui vai ler
e me dar alguma boa ideia para realmente transformar as coisas? A situação está
péssima, porque ficar divulgando jogo de futebol, massacre em escola, arrastão
na praia, programa de transformação no guardarroupa de gringo mal vestido, é
demais pra mim, eu não estudei para isso.
Por Carolina Bonando
Um comentário:
Carol Bonando, por onde anda você, por onde anda você???
Beijos saudosos,
Mari Montenegro
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